quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Não acordes antes do café da manhã ou destapas-me a vergonha



são quatro e meia da manhã e eu ainda acordada a ver-te dormir. a tua mão uma concha na minha perna. a minha perna apenas a minha perna. jantamos qualquer coisa que puseste no forno, delicioso como sempre. depois fomos ao cinema ver um filme da última sessão que tinha estreado. não me lembro já do nome. só de olhar para ti ao meu lado, tu a sorrires à pressa para voltares ao enredo, e eu a trincar com força o meu lábio inferior para ter a certeza que tu és verdade. depois o caminho para casa, uma música antiga no rádio, eu com vontade de dizer que também sofro de um problema de expressão, vários até, que a música é para ti ou como se fosse. sobre mim. que te amo e que não sei porquê a minha língua não consegue articular as palavras. tu sereno ao lado, os teus olhos azuis a iluminar a escuridão. (aposto que não sabes por que te chamo pirilampo) a casa que começa a aparecer ao fundo. mais tarde o quarto, tu a despires-te, eu a fingir que faço o mesmo, mas antes a tentar decorar todos os sinais das tuas costas. a cor exacta de cada centímetro da tua pele. depois o pijama aos quadrados brancos e azuis a cobrir-te o corpo. um rasgão na manga. e tu na minha cama. tu na minha cama. e eu sem saber o que fazer da música que me enche a cabeça e das flores que me querem nascer da boca mas não conseguem. muito menos da vontade de te decorar. de modo que continuo acordada às quatro e meia da manhã, com as minhas mãos no teu rosto na breve esperança de que estejas a sonhar comigo a contar-te do muito amor que te tenho.
[Também aqui]

domingo, 22 de fevereiro de 2009




Neste breve silêncio
de interminável confusão
procuro-te.
Neste espaço minúsculo
que chamam Terra, não te encontro.
Não te sei procurar em lado nenhum.
Não te sei...
Mas sabia de ti quando
alegre sorria.
Sabia de mim quando
de ti sabia.
Para que sítio distante foste?
Perdi-me na confusão deste minúsculo espaço
que me acolhe
(desesperadamente)

Fujo.

Fito aquele horizonte que te pertence...
cheio de sonhos perdidos...

Ai! Vejo...

(...És tu aí nesse horizonte inatingível?)

Sabia de ti quando eras eu.
Não te sei
mais.

Liliana

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ChAOs 4


Quatro peças, quatro pedaços de caos, espalhados pelos domingos.
Uma história por dia e por espaço, uma ligação humana ou não
Encontro e desencontro pela cidade fora.

Para mais informações ou reservas ligue 918626345 ou contacte-nos no mail: teatroensaio@gmail.com
Apareça e divulgue

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Olá a todos!
Está a chegar o Entrudanças!
http://www.cm-castroverde.pt/ad2006/adminsc1/app/castroverde/uploads/progr.pdf
Entre concertos, Oficinas, Bailes e Leituras, haverá também venda de Artesanato, na Praça Zeca Afonso.
Hobby by AV, de Andreia Vitorino (www.hobbybyav.blogspot.com) tem orgulho em poder estar presente e deixa o convite a uma visita!
De sábado, 21 a Segunda, 23, desfrutem e ofereçam alegria e cor às vossas amigas!
Acessórios ousados e diferentes, com um toque de beleza!
Simplesmente femininos!

Contactos: Andreia Vitorino - andreia.vitorino@hotmail.com
Carla Veríssimo - cavverissimo@gmail.com

Hobby by AV agradece a divulgação alargada desta informação.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

John Updike, um poema de Tiago Nené

JOHN UPDIKE

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Morreu sem um critério rigoroso.

Não se poderá dizer que tenha sido a lei da vida

ou a lei da morte

ou uma derradeira e infinita

composição da urgência.

Hoje morreu-lhe o corpo, morreu porque assim

disseram os médicos, porque assim

disse o seu pulso frágil como o equilíbrio

da terra, e porque agora é o tempo que o respira.

Hoje morreu-lhe o corpo, repito em voz alta.

E isso é tudo o que,

da perspectiva da nossa memória incompleta,

precisamos de saber.

.

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Tiago Nené

(in Instalação, obra a ser lançada em 2009)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

encantada estou...


encantada estou por estas brasas que a mim te trazem num veleiro de velas suadas de mar. fevereiro ficou ancorado no inverno e pelas mãos da primavera chegas também. estou por ti rodeada, de beijos de sal e de abraços enrolados como meigas ondas. a minha alma flutua na tua e os nossos corpos terrenos mesclam-se em segredos de amantes.segredas-me ao ouvidos as cores do paraíso. no teu peito uma papoila rubra que por nós floresce. dois! sãos dois os corações que palpitam, num amor em uníssono que o faz soar um só. e a papoila rubra cumpre-o quando entre nós se esmaga sem morrer.
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

VERSO IMPERATIVO


Briton Riviere

Nenhuma flor nasceu à boca
antes do emaranhar das asas,
singulares brancas borboletas
enroscadas aos lábios: você sorri!

Facho feito foco, luz ímpar,
selvagem intenso peito abrigo,
teus vales sigilosos vieram!

Eu devia tapar os olhos
e silenciar na redoma!

Mas natureza corrompida,
sou pecado somado e escândalo
fluída sensação de outra Era!

Foge minha fúria ao ver-te
pois que olhos são signos...
Imperativo é verter em mim
teu sorriso de domar as feras!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Samizdat - divulgação

Eis uma revista on-line de literatura, com bastante qualidade.

O seu nome é Samizdat e vai no 13º número. Clicando AQUI, pode-se baixá-los todos.






Em associação, desenvolve uma Oficina de escrita de contos.