Procuro-te no infinito, mas isso não passa de uma abstracção, uma paralaxe após a matéria, num embarque de enlevos. A insuficiência da descrição gera o silêncio, deixando um trémulo de focagem. Só a razão clarifica, a fé ilude, injecta a ilusão.
Todos os efeitos ecoam a sua origem e a razão conduz o entendimento cada vez mais perto do primeiro princípio!
Ainda estou distante… o cansaço apodera-se lentamente para que o corpo se desprenda! Vamos a isso? Interrogo-me imensas vezes acerca do nada e nada sei, ou a possibilidade de saber presentificado é apenas uma ilusão. As vivências são manifestações da realidade… um atrito separa as formas, sobram ideias que procuram o seu repouso, uma possível adequação. Adequações…!
Nenhum sentimento é universal, o que interessa é o lado prático, aquele que produz, aquele que cria, que é motor gerador de situação.
O tempo conduz-te para as propriedades íntimas da matéria onde perdes a noção da presença e o esquecimento anula o ser. O acesso está desprovido da essência, por isso nunca estás, és aparência, projecção… ainda que te tente dizer, nunca estás, ficas distante, numa ebulição e evaporando, lentamente. Tenho por aqui uma presença temporária, tal como tu, apenas o regulamento mantém as situações e os desfasamentos. A cegueira absorve-te, pois que fiques nessa preocupação, eu, lentamente me irei afastando de ti, até à ausência total. Não vale a pena chorar, o fim anuncia-se! A harmonia unifica e reconduz a desordem para o adormecimento da origem. O sopro eterno promove o esquecimento, reconhece a estabilidade do sono sem a preocupação do restante. O único sentido é o sentido da harmonia, onde não existem preocupações. A matéria é motivo de apego… é esta azáfama que produz a inquietação, a angústia, nas suas diversas manifestações. A razão ainda vive o seu estádio de infância, abe-lhe o amadurecimento! Ainda é cedo… não compliques o que é simples.
Fuzeta, 28 de Dezembro de 2008 – 13:02h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma
domingo, 28 de dezembro de 2008
SIMPLICIDADE E SENTIDO
Colocado aqui mui gentilmente por jorgeferrorosa à(s) 19:55
Etiquetas: Jorge Ferro Rosa, prosa poética
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