quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Zaragata

Durante o recreio da escola, duas crianças da quarta classe envolveram-se numa forte disputa pelos beijos de uma menina. Se fossem necessárias provas para a existência de ciúme dentro de um ser humano de tenra idade, esta seria uma delas. As duas crianças estavam dispostas a matarem-se pelo contacto físico com os lábios da fêmea.

Um dos miúdos, com as bochechas da cor de um tomate, quis ser o primeiro a dar garantias de virilidade à moça e empurrou o outro com força. O outro, não querendo ficar mal visto, levantou-se rapidamente e, com as mãos um pouco esfarrapadas pelo contacto com o cimento, deu três sacudidelas no pó das calças e empregou um murro na face do rapaz que o empurrara. Num estalar de dedos, as crianças ficaram entrelaçadas uma na outra. Gritaram. Cuspiram-se. Mas, tal como acontece com tudo o que respira, cansaram-se.

Deitadas no chão, uma para cada lado, apenas com as cabeças erguidas do solo, as crianças viram a menina afastar-se deles irremediavelmente.


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