quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Filósofo

Por ter passado vários anos a decorar teorias e velhas ideias de autores antigos, José António, um homem com cara de menino, chegou a uma altura da sua vida em que só a escrita poderia apaziguar a bola de fogo que lhe consumia cada vez mais o estômago.

Veio-lhe à cabeça um título para um livro: «A supremacia do conhecimento puro». E começou a escrever. Em dez anos, José António escreveu quinhentas páginas, nas quais se condensavam todas as suas leituras. Todavia, após tanto trabalho, o homem não se sentiu satisfeito. O bicho continuava a moer. Por esse motivo, voltou a escrever e a perder dez anos com mais quinhentas páginas. Voltou a não se sentir realizado. Frustrado, pôs a hipótese de abandonar a vida.

Um dia, apareceu-lhe uma mulher. Mas José António, que, durante vinte anos, nenhum contacto mantivera com o sexo feminino, não sabia como comunicar com ela. Apesar de tudo, o trato com os livros era mais simples.

O que fez o intelectual?

Aproximou-se da mulher e, sentindo-se completamente incapaz, violou-a.


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