terça-feira, 13 de novembro de 2007

Nicole, meu amor




Há uma tendência crescente para as mulheres se tornarem iguais. Por vezes, na rua, não sei diferenciar duas mulheres que vão ao lado uma da outra. A ver o Jay Leno, não sei qual é a actriz X e qual é a Y. Olho para as mulheres de 2007 e dá-me a sensação de que todas são irmãs. Os cabelos, a cor do verniz das unhas,as calças, as saias, as caras, as pinturas nas caras, os sapatos. É tudo muito parecido. Depois, aparecem as excepções. Nicole Kidman. Já não tem a pureza dos filmes iniciais (Far And Away, Batman Forever), no entanto, em termos de beleza e de classe, mantém-se sempre muito distante das restantes mortais. Eyes Wide Shut tem muita da sensualidade da mulher. Em The Others, Kidman aparece com uma beleza que não é desta terra. Mesmo em The Hours, Kidman não perde o seu toque pessoal, apesar de tentar atingir a fealdade de Virginia Wolf, o camafeu.

Nicole Kidman, nascida em 1967, parece ter uma grave desvantagem em relação às restantes peças femininas que compõem o panorama mental masculino: a idade. O tempo não abona a favor da australiana. Porém, até essa desvantagem parece ilusória quando olhamos para a cara angelical da mulher. As outras mulheres não lhe devem dar inveja. Em Birth, filme péssimo, Kidman aparece diferente. Com um cabelo curto e pintado de castanho, com roupas mais recatadas do que noutros filmes. Pior, dir-se-ia. Mas não. No meio do filme, aparece o suposto noivo da personagem interpretada pela musa numa tórrida cena de sexo com ela. Dá vontade de fechar os olhos. Parece que o homem está a entrar num templo que não merece. O namoro da ex-mulher de Cruise com Lenny Kravitz deu a mesma sensação. Um escravo a emancipar-se da sua condição. Uma Penélope a fugir do altar.

Numa altura em que o factor Pussy Cat Dolls ameaça tornar-se cada vez mais enraizado no seio do sexo oposto, Kicole Kidman é factor de quebra com a normalidade. Sendo diferente de todas, situa-se num patamar muito elevado, quase divino. Deveria ser mulher em que nenhum homem tocasse. Quanto mais um Keith Urban ou um sujeito irritante que cantou um tema ainda mais irritante, chamado Fly Away.

Também aqui.

2 Comments:

Anónimo said...

A Nicole teve o seu apogeo, a meu ver, até ao ponto em que se rendeu aos químicos (o famoso botox?). A partir daí transfigurou-se num corpo que, por vezes, de certos angulos, faz lembrar o passado. É triste a sua condição, presa num jogo que irá logo à partida perder.

Em Birth esteve magnifica, talvez a última vez que assim a vi e o filme, não sendo perfeito, possui uma das melhores cenas dos últimos anos: a cena da ópera, com toques Kubrickianos.

Quanto à hegemonia de um tipo de beleza/moda reinante, tudo faz parte do processo de globalização que teve início há milhares de anos e que tem, entre outros, o problema da perda de variedade tão necessária e desejável ao avanço humano.

Há que não esquecer o resto, os pormenores, a diferença, o estranho.

Cumprimentos e continuação de bons textos,

Pedro José.

Anónimo said...

Antes da minha modesta opinião, uma correcção irritante de tão minuciosa: Nicole Kidman (e não Kikole), na quinta linha a contar do fim.

Também eu sou uma grande fã dessa grande actriz porque, apesar do seu talento, classe e glamour, tem, como dizes, um "je ne sais quoi" de diferente. Pormenores que lhe dão uma graça angelical tão deliciosa.

Um beijinho