sábado, 11 de outubro de 2008

NO INEFÁVEL DA ARTE

NO INEFÁVEL DA ARTE

Perco-me na arte, na escultura que a natureza concebeu, no momento de todos os momentos, por traços cada vez mais totais, mais perfeitos, mais cheios de desejo, com todas as cores, desde a manhã e a noite. Somos noite e o dia exibido! Somos neste reino de sentido por vezes proibido.
Artes, talvez um pouco daquilo que o espírito contém, talvez! Direi talvez, porque não sei, não posso saber, quando tento saber disso que deve ser, perco-me no esquecimento e toda a verdade derrama-se na terra do esquecimento. A arte é mesmo este esquecimento das coisas prometidas, das coisas que te digo, do que te continuo a dizer e tanto que não podes avaliar. Hoje foste capaz de avaliar tudo o que fiz, tudo o que disse e escrevi e a arte traçou uma nova aventura. Sabes bem que toda a nossa arte conjuga-se na arte da existência e de tudo isso que foste capaz de traçar no reino dos sentidos. Apurei todos os sentidos e os sentidos lançaram um novo ser, o ser que te foi dado a tomar, no corpo singelo e complexo, mas total. Apuro as palavras e apenas ficas no lugar inefável.

Vila Franca de Xira, 11 de Outubro de 2008 - 23:32h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma

0 Comments: