Marilyn Minter, Splish-Splash, 2005
Ele amava uma mulher. Por esse motivo, quando a encontrou na rua, pegou-lhe pelo braço e levou-a para casa. No quarto, encostou-a a uma parede, rasgou-lhe a camisa, levantou-lhe a saia e penetrou-a como se tivesse a certeza de que, naquele momento, não haveria outra coisa a fazer. Durou sete minutos e meio, o sexo. Quando acabou, pegou num cigarro, acendeu-o, puxou as cuecas para cima e disse: «Vou casar contigo.» Era este o grande objectivo de vida dele. Levá-la ao altar e enfiar-lhe o anel da santa ligação no dedo. Minutos depois, ao vê-la deitada no chão ainda com o esperma espalhado pela roupa rasgada, ele sentiu que um pequeno monte se começava a manifestar um pouco abaixo da sua cintura. Voltou a enfiar o pénis dentro dela. Ela começou a chorar.
«Não faças isso», murmurou-lhe ele aos ouvidos.
«Não faças tu isso», respondeu ela.
«O quê?», perguntou ele, meio surpreendido.
«Violar-me.»
Paragem. Algumas palavras doem mais do que certas doenças.Violação. Um homem pegar numa mulher à força e possuí-la. Fazê-la sentir-se um lixo. Não ligar à existência dela. Transgressão. Estupro. Profanar um templo. Se ela lhe tivesse dado um murro no estômago, teria mais hipóteses de receber alguma compreensão do que a dizer: «Violar-me».
«Não te violei, querida. Amo-te praticamente desde a primeira vez que te vi. Já lá vão três anos. Hoje, encontrei-te na rua. Como não encontrei palavras que te pudessem convencer do quanto te adoro, peguei em ti e trouxe-te para dentro da minha intimidade.»
«A tua intimidade deixou-me a deitar sangue», respondeu ela muito secamente.
«Não te violei.»
«Deixa-me ir», pediu ela.
«Espera.»
Ele foi buscar uma corda à garagem. Despiu-a completamente e atou-a à cama, não a deixando sequer com liberdade para mexer um braço ou uma perna. Se ele quisesse, ela ficaria naquela espécie de prisão para sempre.
Ela começou a berrar. «Deixa-me ir embora, peço-te.»
Ele foi buscar uma câmara de filmar e começou a filmá-la. Pediu-lhe para sorrir, que deveria ter uma cara bastante fotogénica. Mas ela só sabia chorar. Ele aplicou-lhe o remédio: deu-lhe uma bofetada na cara.
«Agora, ri-te.»
A muito custo, ela esboçou um sorriso.
«Agora, diz que me amas.»
«Amo-te», disse-lhe ela.
«Sou o homem da tua vida, diz.»
«És o homem da minha vida.»
«Muito bem, temos filme.»
Depois, deitou-se em cima dela e penetrou-a. Ela adormeceu. No dia seguinte, acordou sozinha, na cama que a sua mãe lhe comprara no Natal. Não haviam sinais de cordas ou de homens violentos. Só ela e um despertador a garantir que chegara a hora de ir para a escola.
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