segunda-feira, 25 de agosto de 2008

NAS ARESTAS DA PÁGINA DESAVISADA

No silêncio da água branca navego, pelas arestas
Tomo-me na amplitude dos horizontes lácteos
Nos sulcos que me vergam o braço…
O lugar definido das cidades e da ausência
Esta minha entrega nas arestas da morte total.

No indesejável eco escondo os meus silêncios…
Os passos de uma metáfora que se perde,
Os encantos que desautorizam e desfazem!
Chamo-te à interrogação no espelho delimitado,
Fico com um olhar de aço quase impossível…
Quase acorrentado pelas novas posturas,
Fico e nunca mais estou nessa faixa, nesse lado.

Pensei saber-te novamente… pensei sim, ausente
Desesperam os nomes no telegrama final…
Este momento colorido pela noite dos açoites,
Os esconsos dos símbolos no desastre da manhã adiada!
Assim, todas as cores, vermelho, carmim, lilás…ou nada
As outras na inarrável aproximação do sentido ideal.

Adias o nome tanto desejável… a aurora frágil
No fálico tempo de estátua revelada no universo
Por herméticos sons de harpa e acordeão fugaz,
A um desconhecimento impróprio de todos os olhares
Neste hiato de permanência, sem gesto possível.

A página cobre-me o corpo com um sorriso…
Dentro de mim o choro dos fantasmas da imaginação,
A vibração do corpo e da alma… assim, em vulcão
Entre as estrelas e a neblina da esperança dançante
O uníssono da carne perfilada às órbitas da nudez,
No ébrio sentir do remanso minucioso desavisado.

Tavira, 24 de Agosto de 2008 – 19:05h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma

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