Na sala da casa de família, preparo-me para substituir o casquilho da única lâmpada, calcinado pelo calor e pelo tempo. Os retratos dos ancestrais, a toda a volta da sala, olham-me sisudos, graves, nos seus fatos domingueiros. Sem escadote, encavalito-me num banco sobre uma cadeira. Os retratos atentos, tensos, parecem dizer: «Tem cuidado filho/sobrinho/neto!». Completo o trabalho, arrumo a sala. A lâmpada já acende outra vez. Os retratos fitam-me silenciosos, mas parecem sorrir.
[Publicado no blogue Universos Assimétricos]
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