Ainda há mortos por florir nas âncoras. Não falam. Trazem seringas na boca e o sangue cosido à terra. Fundam raízes de linfa e abdicam das veias, nada após nada, somando os lábios ao coração das petúnias. Os mesmos mortos.
Assinam a noite. Vêm do horizonte das valsas, sem leme, com certidões de ódio vedadas a solidão. O mesmo silêncio, o mesmo quebranto. Os mesmos mortos.
Se falassem, estaríamos ambos mais longe do dom dos cancros. Eu e tu. Inscrevem-nos os órgãos por ordem alfabética e aguardam, clandestinos do destino, em idades vazias à beira do incesto.
Vem. Longe é uma palavra que arde na boca. Velemos a pele que jorra dos ossos como perfumes em lume brando. Levemos ao altar a tibieza das formas e enchamos os adros com exércitos de búzios. Ouve-os. Dentro estão as pautas da última chuva, quando o mundo era ainda uma janela plácida de barcos a ovular.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Os monólogos insurrectos - XII
Colocado aqui mui gentilmente por DT à(s) 06:37
Etiquetas: prosa poética
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1 Comment:
"Piú giú, in fondo alla Tuscolana...
!?...passavo per un saluto!
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