Dentro de um auditório de uma universidade de renome, milhares de pessoas aguardavam ansiosamente pela chegada do sábio professor António F. de Almeida, que, sendo especialista em literatura norte-americana contemporânea, discursaria sobre a seguinte temática: «O sexo em Philip Roth».
As horas passavam-se e nenhum sinal do excelso professor.
Em casa, fechado no quarto, o professor António F. de Almeida deixava-se arrastar muito lentamente para um domínio que não se coadunava com livros ou com inteligência. Estava a ficar louco. Deitado na cama, coberto por lençóis, o homem apenas se movia do pescoço para cima, de modo a se certificar de que ninguém lhe invadiria a casa. Depois de ter a certeza de que ninguém o surpreenderia com invulgares aparições, o professor voltava a tapar-se. Mas a certeza rapidamente se esfumava e, por conseguinte, o lençol estava sempre a tapar e a destapar a sua cabeça.
Telefonaram-lhe. Não atendeu.
Naquele dia, o génio estava demasiado ocupado para dar palestras.
2 Comments:
Que são os génios, se não mentes brilhantemente confusas?
Beijinho
Achei este texto muito interessante!
Beijo
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