domingo, 30 de dezembro de 2007

Tirem-me a madrugada dos olhos!

A noite é o momento mágico dos poetas...

A hora dos sonhos e dos sonhadores

que nada mais sabem fazer

quando se alimentam de escuridão

e de olhares invertebrados...

Que não param para pensar

no tempo que passaram

de pernas fechadas à curiosidade do mundo...

Roubam-se palavras ao silêncio

e a dor de um grito profundo

encontra um refugio na lágrima de um amor perdido

e chorado num poema

escrito com sal e pimenta.

Não há luz...

Talvez o luar seja uma opção

para o poeta esfomeado pelas estrelas...

É noite e tudo é realidade

na ilusão dos dias.

Fogem amantes dos seus ninhos...

Porque as asas queimam

e o voo é desejado

com as bocas em fogo.

É noite...

Tenho uma onda na garganta

dificil de engolir

e nos dedos rebentam-me palavras sem fim.

Quero gravar aquele amor sonhado

no meu cubículo de papel...

Quero lamber as gotas de mel

paridas nos seus corpos...

Porque a poesia está nua

e os poetas já perderam a pele...

É noite...

Tirem-me a madrugada dos olhos

que eu ainda não terminei de sonhar

e a minha noite tem alma de criança.





Daniela Pereira

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