sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Outros Pontos de vista

Pontos de vista [1ª parte]

Era noite estrelada. Daquelas que nos faz pedir desejos impossíveis, sonhando acordados.
Já estava na hora de regressar a casa, mas algo me dizia que a minha presença não seria bem-vinda.
Tentei ficar o máximo de tempo possível no escritório. Adiantei trabalho, inclusive. No entanto, o relógio parecia estar cansado.
Fiquei algumas horas na rua, fitando a porta de entrada para ganhar coragem de entrar.
Estava cansada... Muito mais que o habitual...
Ir-me-ia saber tão bem agarrar-te nos braços, apesar do nosso involuntário e recente distanciamento.
Coloquei a chave na fechadura, rodei e respirei fundo. Estava com receio, confesso...
Quando te vi, sentado no sofá e inquietamente parado, reparei na mala ao teu lado. Senti um arrepio pela coluna, pois percebi que desistiras...
Perguntei-te como correra o dia, na esperança de quebrar o gelo, mas somente soltaste um bafo de ar, espécie de suspiro entediado.
Cheguei-me a ti e não me afastaste. Tentei seduzir-te com o calor do meu toque e a expressão do meu olhar. Queria-te comigo... E sentia que em mim desejavas estar, mas nunca foste forte o suficiente para soltar as amarras que te prendiam no passado distante.
Fizemos amor e, atingido o prazer máximo, soltaste-me com uma brusquidão que te desconhecia. Abandonaste-me no ardor só dos meus lábios e deixaste-me gelada, com as lágrimas rolando pelo rosto.
Não fui atrás de ti... Sabia que voltarias... E, se não o fizesses, mais cedo ou mais tarde esta história teria de terminar...

Fotografia de Scoya @ Quinta da Regaleira - Sintra

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