terça-feira, 4 de dezembro de 2007

FRUTO DAS VAGAS

Não sei do cosmos, nem da frente das fúrias… fico antes face ao altar da morte, olhando a grande galáxia, complexa entre os segundos que desfalecem a esperança e todas as outras danças, mesmo aquelas de que não falas… as outras também.
O caminho sustenta todos os meus segredos, a força dos impossíveis quase me reprova por tanta esquisitice! Essa força ainda me toma, sem que a deseje. Sou desejado sem que deseje… Não sei o que desejo, o meu desejo ficou lá! A seiva ainda corre, e o grito da garganta esconde a ternura, o fruto das vagas intempestivas, enquanto a porta bebe a janela, sem número. Tu também ficaste sem número…
Atravesso o nada com um filme ultrapassado, tal como fiquei, tal como tudo que está em actualização e mesmo as outras coisas que ficaram em processamento. Ficámos na estranheza que esconde…
No pavor do evento surge a sombra e a boca que fica inteira, bebe a saliva miserável dos sabores da razão ibérica. Bebemos sem que exista desejo e o desejo foi colocado de lado entre os lados que me parecem estranhos… sempre o fui e continuarei a assim.

Aveiro, 04 de Dezembro de 2007 – 22:50h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma

1 Comment:

joaninha said...

Que bom encontrar-te por aqui. Gostei de te ler mais uma vez e como sempre, um excelente trabalho filosófico.
Comentei tb no C.A. porque lá fui primeiro. Continua. Beijinho