quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sussurros e poesia-1ºFôlego



Foto by DeviantArt - devotion_by_emilola

Shiu não digas nada, por favor! Não corrompas a lealdade deste silêncio a dois e escuta comigo o que ele nos segreda enquanto sonhamos...

Não existe mais nada numa paisagem em chamas
para além de sombras e labaredas
que abraçadas com paixão
alimentam um fogo
com sonhos húmidos.

Tens carne que cheira a queimado
cravada na tua pele
e esse odor forte
que sentes quando inspiras
vem dos meus pedaços
que no teu coração arderam.

Espera, não grites ainda ....espera que eles te queimem por completo a alma. Depois sim, grita à vontade mesmo que eu já não te oiça. Porque esse teu grito vai-me encher de prazer enquanto dispo este corpo fútil de todas as sensações humanas para deleitar os teus sentidos com as minhas miragens. Podes vir comigo se quiseres, porque nesta cama vestida com lençóis de carne há sempre lugar para mais um...
Mas não venhas já, dá-me tempo para apagar todas as luzes do quarto porque quero a tua imagem à luz de velas forrando as paredes. Só assim o quarto ficará acolhedor para te perderes em devaneios mais quentes.
E na penumbra apenas te verei a ti porque só para ti farei poesia no escuro... para o resto do mundo estarei cega e muda...

Dois corpos nus
ainda vestidos
contorcem-se de costas voltadas
num êxtase solitário.
Não existe mais nada neste quarto
que deixei em chamas...
Nada mais escuto agora
que a noite se deitou em mim...

Só estes sussurros que escapam da minha boca
tentados pela poesia que declamas com o teu corpo...

Daniela Pereira-Afectos Obsessivos-A poesia curiosamente sem açúcar,Edições Ecopy

6 Comments:

Sérgio A. Correia said...

Prezado Senhores

Sarja Akhmani é oriundo de uma nobre família iraniana com muitos primos na
Linha. Perspicaz como poucos e parvalhão como quase ninguém, Akhmani
propõe-se observar, com um olhar estrangeiramente distanciado, o vosso país
e a Europa em geral, à semelhança do que fez o seu parente Monstequieu no
séc xviii, com as suas Lettres Persannes.

Já sei que os mais ousados de entre vós irão contrapor que Monstesquieu não
era persa, mas francês. Detalhes. A esses críticos malévolos, dir-se-à que
Monstesquieu era na realidade francês, mas podia ter sido persa. Dito isto,
é fácil presumir que comecem a duvidar do parentesco de Sarja com o autor
francês. Nada mais injusto! Vá lá, atrevam-se a falar com os primos que ele
tem na Linha...



Foi justamente a pedido de várias famílias da Linha de quem o repórter Sarja Akhmani é primo, que este
achou por bem coligir num novo blogue os textos que foi
produzindo no "cresceiemultiplicai.vos". Assim, é de salientar o cuidado que
Sarja teve em escolher justamente os seus piores textos humorísticos, ou não
fosse este o pior blogue de humor da blogosfera portuguesa.


O lançamento do novo blogue contará com a presença de José Sócrates,
primeiro-ministro do Irão, e de um novo post do repórter sobre o
provincianismo português.


http://obloguedosarja.blogspot.com


Grato pelas vossas visitinhas


Sarja, o repórter iraniano

Anónimo said...

Lá está ela mais uma vez: a paixão, o erotismo, os corpos, o silêncio de um abraço!

Beijos,

Pedro José :)

blueiela said...

pj


Só podia ser assim...porque este é um livro de afectos e afectos...obsessivos..logo, as palavras têm que ser apaixonadas mesmo no desespero.
Obrigado pelo apreço:)

beijinhos

daniela

Andreia said...

"Tens carne que cheira a queimado
cravada na tua pele
e esse odor forte
que sentes quando inspiras
vem dos meus pedaços
que no teu coração arderam."

Muito intenso Daniela! :)

Beijo!

blueiela said...

:)Obrigado Andreia

Os afectos são intensos quando há paixão e
as palavras tm que ser escritas num vermelho bem vivo...

beijinhos

daniela

Anónimo said...

E que melhor / mais forte poesia há que a do corpo que arde de desejo, corrompido pela dor de nem sempre poder ter prazer? De nem sempre achar o leito onde os seus gritos se transformam em orgasmos e o cheiro a carne queimada se iluda, aos poucos, com o cheiro das velas que ardem testemunhando o calor humano...

Um beijinho