quinta-feira, 8 de novembro de 2007

SILÊNCIO QUE DISSIMULA O CONVEXO

Não sei das quinas que me tomaram no indefinido, nem do olhar corrosivo no indefinido, muito menos das palavras que se perderam entre as mãos de areia e aquele jeito oposto ao beijo mudo. Beijos!
Um desejo agita o meu pensar, esta missão sacra, quase profana, essa, torna-me diferente, no seio da loucura ontológica, executando esta sensação indisponível, numa noite embaciada, pela saudade da chuva distante, que escreve a escuridão, pela febre da pele, onde me torno intenso.
Na leitura que não faço, nas epístolas da decepção metafísica, consomem-se as minhas posturas, o amor de pedra que dilacera as direcções sinuosas, as outras, no silêncio existencial, tecendo maresias de quimeras em colisão.
Neste trampolim de plasma, surgem os rituais estridentes, metamorfoseando as pétalas da meditação, ao fascínio do relógio do tempo, esse que assimila todos os contrastes das artes, por um arrebatamento de possibilidades inchadas.
No arremesso das minhas veias azuis, vergam outros astros, entre os acordes do rio das margens da Lezíria que me banha, nesta profundidade que não podes avaliar e daquilo que fica no tempo de espera, a pausa indelével da música imaterial.
Tomo-me no convexo do infinito, no grito do meu sexo, perdido pelo silêncio que dissimula o desassossego, o pranto quebrado que se corrompe no apocalipse da lonjura ácida… a insatisfação tímida, no conceito da tristeza fechada.
Nas quinas do meu corpo faço a leitura da hora ambígua, por insignificantes movimentos, esses que absorves, lentamente! Todos os teus passos desenham o silêncio do amor, que desliza na palavra banal deitando tanto suor… essa palavra, onde sempre te encontro, na taberna mental cheia de resíduos, redonda como o futuro, oblíqua, como a plenitude inclinada, eivando uma maior esperança, essa que te ofereço como vibrante compromisso.

Vila Franca de Xira, 08 de Novembro de 2007 – 21:40h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma

2 Comments:

Anónimo said...

A concavidade do infinito... ou o contrário, ou nada disto. Quem sabe. Só nessa linha imaginária com contornos de lezíria se pode encontrar o fim, com contornos de infinito. Brilhante.

Anónimo said...

E j� agora, um descampado e um abra�o.

http://www.youtube.com/watch?v=0c3czmJZhW0