terça-feira, 27 de novembro de 2007

Perfect Day (it was)


era sempre nestes dias que ela ficava assim. e ia buscar o cd deles. das poucas recordações que ainda tinha dos dois. deu-o a ela numa das poucas (sim, via agora que foram poucas, cada vez menos) viagens que fizeram juntos. era noite. escurecia também já o coração dele. só ela não percebia. ela que agora colocava cuidadosamente o cd no computador. a sua única companhia. que a noite fria estava lá fora e não a ouvia chorar em silêncio.
tinha medo de recordar mais uma vez e de apagar mais um bocadinho. de se apagar.
- cor-de-rosa.
disse-lhe ele uma vez. assim era o amor deles. ela tinha dito vermelho. estavam num café antigo da cidade e ela tinha dito vermelho porque se apaixonou em 10 minutos (como ela se queria apaixonar em precisamente 10 minutos só mais uma vez). mas sim, era cor-de-rosa. e aquele um dia perfeito.
como ela queria voltar àquele início de outono, àquele fim de noite, de passeio, de sonho. como ela queria não ouvir o cd deles que continua a tocar no cinzento computador que ela tem agora à sua frente. apenas. o cinzento.



Just a perfect day,
Drink sangria in the park,
And then later, when it gets dark,
We go home.
Just a perfect day,
Feed animals in the zoo
Then later, a movie, too,
And then home.

[Lou Reed]


[Foto: Lilya Corneli]

4 Comments:

Anónimo said...

Nem sempre há quem tenha dias assim...mas quem os vive realmente, duram-lhe por anos inteiros :)

Beijinho grande

Anónimo said...

Já disse na 'origem' mas aproveito para acrescentar:

Keep going, perfect day, cos that's all you'll ever be: just perfect!



Kisses,

Pedro José :)

Andreia said...

Scoya:
É verdade. E às vezes era tão bom conseguir apagá-los... Um beijinho!

PJ:
Yes, perfect days will always be perfect ;) Kiss!

Anónimo said...

Deixa...o tempo encarregar-se-á disso ;)
Um beijinho