sábado, 10 de novembro de 2007

Manifesto contra a minha participação neste blogue

Ao lhe ser perguntada a razão pela qual nunca havia pertencido a nenhum clube ou colectividade, Groucho Marx respondeu algo como “recusou-me a estar em qualquer instituição que me aceite como sócio”. E, até hoje, marxista de tendência Groucho que sou, sempre tenho usado esta frase como lema, quase mesmo como uma obrigação religiosa – o único problema é que, como também a tenho aplicado na minha relação com mulheres, ainda permaneço na fase dos posters de gajas nuas no quarto. E sou míope.

Adiante. Após me ter sido feito o convite para participar neste blogue, fiquei a pensar se não deveria abrir uma excepção. Será que, mesmo a freira mais devota, uma vez na vida não sonha com Cristo em trajes menores? Será que um tomate não pode, um dia, atravessar uma auto-estrada? Será que o mais extremoso chefe de família não fica, por uma única noite que seja, em frente à televisão vendo programas do “National Geographic” com animais completamente nus? (O que é um nojo, digo eu. “Uma saia plissada verde com lantejoulas”, dirá o leão transsexual do último programa, se questionado sobre as suas expectativas para o Natal).

Seja. Se os outros podem abrir excepções, porque não eu? Decidi, então, participar. Em todo o caso, para que não restem dúvidas - não só sobre o meu não pensamento como da forma e linhas gerais da minha colaboração -, resolvi escrever este manifesto, evitando, assim, futuros equívocos e eventuais doenças venéreas. Assim, tenho a esclarecer que:

1) Protesto veemente e energicamente pela minha inclusão neste blogue, da qual discordo em absoluto;
2) Sou contra toda e qualquer forma de Arte, nem que sejam as mais elevadas, nomeadamente o Marco Paulo a cantar na Venezuela para filhos de raptados;
3) As crianças não deveriam, sequer, aprender a ler e a escrever – tal teria evitado, por exemplo, o livro da Carolina Salgado;
4) Deveríamos ir viver para as árvores, nem que fosse só para fazer cocó para cima dos animais que passassem, atirando as culpas para os rouxinóis;
5) Parafraseando a Dona Miranda, toda a minha escrita poderá e será usada contra si e toda a sua estabilidade mental – que provavelmente será pouca, já que leu isto até aqui -, não tendo direito a advogado se me resolver processar;
6) O chapéu do Papa é fixe.

Bom. Agora que estamos esclarecidos e para que isto não fique muito longo, deixo-vos, como aviso para não voltarem a ler os meus escritos, um pequeno exemplo das parvoíces que irão aparecendo por aqui em meu nome - pelo menos até ser expulso ou provocado a debandada geral dos leitores. Este texto chama-se “o olho experimentado da autoridade” e, como podem constatar, por uma espantosa coincidência tem o mesmo título.


O olho experimentado da autoridade

Um morango passou por mim, pedalando numa bicicleta. Não liguei. Um polícia de giro também reparou mas, com o seu olhar experimentado de autoridade, viu logo que ali havia algo de estranho. Mandou-o parar – era a matrícula que estava torta. Arranjaram-na e o morango seguiu viagem.

3 Comments:

Tiago Nené said...

és genial tu:)

Diogo Marques said...

Muito bom, mesmo!

Por mim estás expressamente proibido (a) de abandonar este espaço. Encara-o como vindo de alguém que não manda nada, nem sequer parar morangos (ainda que a pedalar). Ainda assim...

Continuação!

MLD

Anónimo said...

Bastante melhor que qualquer discurso do Eng.Sócrates...
morfeu