quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Dos Nomes

Não sei que nome terias, se tivesses.
As vozes enformam-te sem a matéria
De que te extraíram o busto indizível,
Até emudecerem de tanto te perder.

Todos os nomes concorrem ao teu rosto,
Una carne da verdade extraviada.
Deram-te o que nunca tiveste
O véu por quem clama quem nunca te vê.

Não sei em que acróstico tresleram o meu nome.


Postado em Oco Céu Alto


Post Scriptum: Poucos terão sido coroados com esse etéreo troféu que é o epíteto de Arte. Haverá, isso sim, inúmeros "escravos cardíacos das estrelas", como ajuíza um demasiado lúcido Álvaro de Campos. Mas é só porque os há que a Arte ainda persiste. Afinal, "criar é preciso". Seja o que isso for.

Isto poderia ser um manifesto poético. Ou talvez não.

7 Comments:

Titá said...

Ou talvez não....mas não deixa de ser pertinente e muito bem escrito

Anónimo said...

"seja o que isso for" é que não...
isso nunca. É essa falta de lucidez e pensamento que vai fodendo a arte aqui e ali.
Tenham cuidado... chamar a uma coisa "blog das artes" e depois publicar muitas das coisas que por aqui se encontram...
já agora outra coisa: congratulem-se com o sucesso, mas pensem bem se isso será possível com a arte, e se, mais difícil me parece, com um blog.
Espero que tudo vos corra bem, mas peço-vos, desejando crescimento, mais consciência.

Este comentário poderia ter sido feito em qualquer outro "post".

um amigo que se recusa a ser "sócio".

Anónimo said...

Ah!
e deixem-se de tretas contra os anónimos - não sou o que têm combatido - (este comentário até tem piada neste post). Como deveriam saber, também a morte do nome é necessária para que haja arte.

o amigo, anónimo, do blog, do comentário acima.

Coccinella said...

"Seja o que isso for", a Arte. Não a criação. Não me parece que o conceito seja palpável, para que o tratemos com tanta certeza conceptual. Ou é? Se o for, aguardo avidamente um esclarecimento! É que nestes terrenos arososos, sou uma mera diletante.


Saudações, caro amigo.

Anónimo said...

"seja o que isso for" é sempre uma frase a mais, num texto ou em qualquer discurso. Sentimos sempre que, como diz, não é palpável, : é uma linha traçada entre o dizível e o indizível, a qual aponta sempre para essa região "do que não pode ser dito", para uma região sem chão onde a vertigem acompanha quem se atreve a lá penetrar, ou mesmo apenas espreitar.
É sempre uma frase a mais porque é sempre isso que se diz, diga-se o que se disser.

o tal amigo, caro (seja o que isso for).

Anónimo said...

Importante é criar e saber atribuir um significado ao que criamos. Não um nome para que possa ser chamado, mas um sentimento para que possa ser partilhado.
Um beijo

Mário Lisboa Duarte said...

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)