sexta-feira, 9 de novembro de 2007

As canções de amor

Língua contra língua. Um diálogo de surdos


[Uma sugestão para o fim-de-semana]

Sequela de Em Paris, que em 2006 foi considerado pela revista Les Inrockuptibles como o Melhor Filme do Ano, este As canções de amor passa-se na mesma cidade e conta a história de Ismael (brilhantemente interpretado por Lois Garrel), Julie (Ludivine Sagnier) e Alice (Clotilde Hesme), um trio amoroso que se centra na personagem masculina.
Ismael, 30 anos, trabalha na redacção de um jornal até tarde, não tendo tempo sequer para levar a namorada ao cinema. Julie sente-se aborrecida com a situação e decide apimentar a relação convidando para a sua casa e a sua cama Alice, colega de trabalho de Ismael. A história a três vai ter um final trágico com a morte inesperada de Alice.
É este o momento que divide a primeira parte (A partida) da segunda (A ausência). O filme começa a crescer à medida que os minutos passam. Curiosamente à medida que as canções (o filme está classificado como um musical e muitos dos diálogos fazem-se a cantar) vão diminuindo.
A película não impressiona pela música, mas pela irreverência com que Christophe Honoré (o realizador) trata todo o processo de luto pelo qual Isamel passa. Sem preconceitos, limites nem sequer lógicas. Antes recorrendo á poesia:
“Os meus dias de Inverno passo a esquecer-te”, diz Ismael pelas ruas de Paris, bem presentes ao longo de todo o filme.
É durante esta segunda parte que Isamel, quase num "diálogo de surdos” se vai aproximando de Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet), o homem ao lado de quem vai reencontrar o amor (ele é vivido na terceira parte do filme, O regresso).

“Ama-me menos, mas por muito tempo”, diz Ismael no final ao seu novo amor.

De uma simplicidade que impressiona, o filme conta todos os processos pelos quais o amor passa. À excepção de uma ou de outra de maior qualidade, as canções são, afinal, o quase dispensável. Resta aguardar pelo próximo filme de Honoré, na esperança de que ele seja a sua obra prima - uma promessa cada vez mais solidificada.

2 Comments:

Anónimo said...

Obrigado pela sugestão!

Anónimo said...

Gostei da descrição.
Hei-de ver!