quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Fraqueza, incapacidade, ignorância

Fraqueza: não despejar a raiva no ouvido do monstro, não dizer à avó que se gosta dela mais do que de tudo o resto que anda, não dar o beijo na boca da rapariga que passa, não protestar quando se deve, não só não saber perder como não saber ganhar, querer ganhar acima de tudo mas só conhecer o sabor da derrota, querer dinheiro, trabalho, prazer, querer fugir da dor, dessa maldição que cobre o planeta, especialmente o planeta de um só homem, o quarto, a carne, o lenço que fica molhado após o contacto com a pálpebra molhada. Fraqueza e incapacidade: duas palavras que moldam uma vida. Ignorância: a palavra mais forte. Perdoai-lhes que eles não sabem o que fazem, não sabem mesmo, desculpai-os por todo o mal, Senhor. Os pequenos animais, os macacos que rapam os pêlos da cara, que fingem saber o abc dos livros, que colocam perfume na camisa de seda, que matam, que desprezam, que fazem sofrer, que sofrem desalmadamente, como se não existisse mais nada para além de um longo sofrimento. Agonizar dentro da fogueira em que a mão de carne deita fogo à biblioteca de papel. Defecar, urinar, vomitar, tossir, espirrar, arrotar. Eu defeco, tu defecas, ele defeca, nós defecamos, vós defecais, eles defecam. De certo modo, a palavra feia cria mais repulsa do que o balde cheio de fezes, do que a boca cheia de esperma, do que o prego espetado nas costas. Perder, ninguém aparecer na vida daquele que quer gente a surgir-lhe à frente do olhar com intenções de amizade, ter sempre o jogo perdido por mil . Não haver talento para nada, nem para a masturbação, que dura três segundos.

1 Comment:

Anónimo said...

Boa noite sou Paula Vilela e gostei muito do trabalho de voces e tenha certeza que divulgar aos meus amigos


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