terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dentro das fotografias existimos sempre; hoje cais no meu painel de fotos;significará que passas a existir para sempre?que vida é a de alguém, a olhar para mim, do outro lado de uma fotografia? com o seu sorriso, a sua pose, a sua distracção, o seu olhar no infinito, a sua língua de fora, a sua vergonha, o seu choro, a sua dor, a sua inocência, a sua naturalidade, a sua cabecita de lado, o seu ar provocador...?Como é que tudo isto chegou até ali? àquele flash? Se é que o houve...àquela fotografia onde era presente e agora é passado, que fica para o futuro?Ainda vivos, estamos ''mortos'' nesses pedaços de papel... nenhum de nós volta a viver o segundo ínfimo em que alguém atrás da máquina dispara.é uma das muitas formas que arranjámos de nos imortalizar, de perpetuar no tempo, nas gerações, nas culturas, nos povos, nos lugares, nas gentes,... nos outros, em nós próprios.Esse segundo ínfimo em que alguém atrás da máquina dispara.hoje cais no meu painel de fotos.Esse alguém que decide como e quando e porquê congelar um momento no tempo. Nas gerações, nas culturas, nos povos, nos lugares, nas gentes,... nos outros, em nós próprios.esse sempre que há nas fotografias. Esse nunca mais.Este não conseguir parar de escrever sobre elas. e achar que ainda não me expliquei o suficiente...Elas que são quem as tira e pode tremer. E lá fica aquele segundo ínfimo pouco nítido aos olhos de quem vê.elas que são quem as tira e não tremendo, pode ficar horrorizado com o que capta.Um alguém que pode sentir que tem de disparar o botão perante algo singelo, alguma simplicidade, algum menino a dormir...com respeito.Esta forma de arte com dois lados: atrás e à frente do botão.ambos têm de existir para que tenhamos um resultado final, porém ninguém vê o que esteve atrás do botão no segundo ínfimo de disparar...E também ninguém vê o que esteve antes e depois desse segundo, à frente do botão, a não ser quem estava atrás dele.se não compreendermos como tudo isto chegou até ali, podemos subestimar esta forma de arte...embora hajam fotografias que falam por si, que não precisam de palavras, que qualquer sílaba as desvirtua.Sou eu nas fotografias dos outros, nos painéis em casa deles, nas molduras, nas paredes...são os outros no meu painel de fotos.