Os leitores estão sempre dispostos a acreditar que as narrativas mais intimistas são, sobretudo, peripécias autobiográficas dos autores. O que não passa, geralmente, de um engano de leitores que não escrevem. É certo que, às vezes, o escritor também faz a catarse da sua vida, nas páginas que escreve. Mas sempre muito misturada com episódios que nunca viveu. Mente. Para tornar a história mais interessante. O escritor goza desse privilégio de viver outras vidas, outras peripécias de vida. Senta-se, não só para escrever, mas também para viver as vidas inventadas.
«Um dos princípios da criação literária é a invenção, a imaginação. Somos mentirosos; todo o escritor que cria é um mentiroso, a literatura é mentira; dessa mentira, porém, sai uma recriação da realidade: recriar a realidade é, assim, um dos princípios fundamentais da criação» – Juan Rulfo (1918-1986).
Escrever, sei-o agora, é essa liberdade de mentir que o cidadão comum não tem. O cidadão é alvo de uma enorme censura social sobre a veracidade das suas afirmações. O mentiroso é votado ao desprezo.
Um escritor, pelo contrário, não só «está autorizado a mentir», como as suas mentiras são alvo de elogios, por parte de críticos e leitores, tanto maiores quanto maior for o tamanho da mentira, a que também chamam criatividade.
É curioso! É libertador! É muito motivante!
[Publicado no blogue Universos Assimétricos]
«Um dos princípios da criação literária é a invenção, a imaginação. Somos mentirosos; todo o escritor que cria é um mentiroso, a literatura é mentira; dessa mentira, porém, sai uma recriação da realidade: recriar a realidade é, assim, um dos princípios fundamentais da criação» – Juan Rulfo (1918-1986).
Escrever, sei-o agora, é essa liberdade de mentir que o cidadão comum não tem. O cidadão é alvo de uma enorme censura social sobre a veracidade das suas afirmações. O mentiroso é votado ao desprezo.
Um escritor, pelo contrário, não só «está autorizado a mentir», como as suas mentiras são alvo de elogios, por parte de críticos e leitores, tanto maiores quanto maior for o tamanho da mentira, a que também chamam criatividade.
É curioso! É libertador! É muito motivante!
[Publicado no blogue Universos Assimétricos]
1 Comment:
Sem dúvida! A liberdade criativa é maior que a liberdade social. Em todas as artes.
Agradecido por este contributo, segue um abraço do
Joaquim Alves
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