Sonho acordado pela noite dentro
no reconfortante escuro, no frio
os pensamentos sucedem-se como o vento,
rugindo com tal brutalidade contra as portadas
de madeira não-reciclável
que faz voar as pétalas perdidas das oliveiras.
Assobia com tal desmedida força
que impõe esgares de tristeza,
na ruralidade da época natalícia
onde só se fala de metereologia.
De repente
implementam-se curtas paragens na sua raiva,
incrementada pela saudade da madrugada fora...
(sei que estás longe mas sinto-te perto).
O medo de não ter a certeza do que fazes,
a confiança por achar que também sofres.
Quero-te aqui
junto a este bater no meu peito,
sincronizado e errante,
que sempre te procurou e não te quer perder
por nada!
Obsecado maçarico de nostalgia
em que se tornou a minha alma
brota chamas tão altas
que queimariam os arredores do céu.
Mesmo à distância de anos lunares
vejo os teus olhos reflectidos em todo o lado,
na cera vermelha e derretida das velas queimadas
ou na fruta fora de prazo de refeições passadas.
Abraçados à lareira imagino-te
de suaves pálpebras que deixam de chorar,
com tenras coxas de divindade grega bem eriçadas
sopras-me ao ouvido doces vogais e consoantes
de uma tal partilhada sinceridade
que fazem o meu íntimo corar.
Partilhando silêncios,
gostos ou fantasias lívidas de beleza suja,
frágeis fragmentos de simbólicos momentos,
somos dois amantes que o mundo inveja.
Neste caótico caloroso caos
desejo ajoelhar-me eternamente,
qual será a efémera e propícia
conclusão de porcelana?
Pouco interessa o que sei, soube ou saberei
vivo o momento e espero por quinta-feira,
amo-te como nunca amei ninguém e,
posso dormir, finalmente.
in foto-síntese 2001
1 Comment:
Amore, impossibili a definirsi!
G. Casanova
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