segunda-feira, 23 de junho de 2008

AO LONGE

Sonho acordado pela noite dentro

no reconfortante escuro, no frio

os pensamentos sucedem-se como o vento,

rugindo com tal brutalidade contra as portadas

de madeira não-reciclável

que faz voar as pétalas perdidas das oliveiras.


Assobia com tal desmedida força

que impõe esgares de tristeza,

na ruralidade da época natalícia

onde só se fala de metereologia.


De repente

implementam-se curtas paragens na sua raiva,

incrementada pela saudade da madrugada fora...

(sei que estás longe mas sinto-te perto).

O medo de não ter a certeza do que fazes,

a confiança por achar que também sofres.


Quero-te aqui

junto a este bater no meu peito,

sincronizado e errante,

que sempre te procurou e não te quer perder

por nada!


Obsecado maçarico de nostalgia

em que se tornou a minha alma

brota chamas tão altas

que queimariam os arredores do céu.


Mesmo à distância de anos lunares

vejo os teus olhos reflectidos em todo o lado,

na cera vermelha e derretida das velas queimadas

ou na fruta fora de prazo de refeições passadas.

Abraçados à lareira imagino-te

de suaves pálpebras que deixam de chorar,

com tenras coxas de divindade grega bem eriçadas

sopras-me ao ouvido doces vogais e consoantes

de uma tal partilhada sinceridade

que fazem o meu íntimo corar.


Partilhando silêncios,

gostos ou fantasias lívidas de beleza suja,

frágeis fragmentos de simbólicos momentos,

somos dois amantes que o mundo inveja.


Neste caótico caloroso caos

desejo ajoelhar-me eternamente,

qual será a efémera e propícia

conclusão de porcelana?


Pouco interessa o que sei, soube ou saberei

vivo o momento e espero por quinta-feira,

amo-te como nunca amei ninguém e,

posso dormir, finalmente.


in foto-síntese 2001

1 Comment:

ROSA E OLIVIER said...

Amore, impossibili a definirsi!

G. Casanova