Pela maneira com que não olhava as coisas dava a entender que queria sempre chegar cedo. Não ligou aos jornais, aos poucos ignorou a televisão. Houve momentos que nem parecia estar com roupa. E pela maneira com que olhava as pessoas dava a entender que queria sair tarde. Conversou, riu-se e sentou-se perto de alguém, e de outro alguém e de outro alguém e de outros. Durante as palavras triunfantes, tocava no ouvinte. Como uma pedra no charco, questionava se a bebida era do agrado do falante. Tudo se tornou para mim claro, quando nos cruzámos na casa de banho. Vi-o ignorar o espelho e olhar o seu rosto. Olhava fixamente os seus próprios olhos. Que droga tomaria para ser tão viciado no que interessa aos outros, sem que os outros percebessem o interesse que tinha, naquilo que só interessava a ele?
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terça-feira, 13 de maio de 2008
Vício interior
Colocado aqui mui gentilmente por Unknown à(s) 10:03
Etiquetas: micronarrativa, Miguel Alves, palavras
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1 Comment:
Cheguei até aqui através de Blogs de amigos. Vim te convidar para conhecer o Compartilhando as Letras, sua visita muito me alegrará.
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