sexta-feira, 30 de maio de 2008

imagine


Pego no lápis e rabisco a folha. Em movimentos distraídos, alisando texturas do pensamento. Até os vincos já não se distinguirem na superfície aquosa, ardente, dos meus olhos. Só nesse momento paro.
A forma acetinada do lápis atrai-me e deixo-me escorregar no tumulto majenta, em espirais de palavras lançadas, sacudidas pela ponta irrequieta.
Em cenário claro-escuro, desenho personagens encontrando-se numa história. Evoluem no espaço recortando-se como sombras chinesas, projectadas pela luz exterior que invade as paredes. Traço diálogos e silêncios emprestando vida às figurinhas, transportando-as a um mundo de sensações onde a fantasia não tem limite.
Desenho a janela, sento-me no parapeito e sinto um arrepio percorrer-me. Não é o frio dos vidros que me faz estremecer mas a possibilidade de um olhar junto ao muro encontrar o meu vulto e me aperceber. Afasto-me.

Sento-me à tua beira e o delírio recomeça. Na folha, em traços suaves, firmes, decididos, encadeados nos sons que ecoam pela sala. Até se reencontrarem nos meus gestos e na cadência do meu corpo. Como sombras projectadas do teu corpo


também aqui

0 Comments: