quinta-feira, 10 de abril de 2008

Voando sobre os beijos

Já se torna complicado dissertar acerca da vida real, quando sem sequer se avistar o objecto desejado se congeminam infâmes projectos de vida a dois, como se o que os nossos pais nos ensinaram já não valesse de nada.

Mas é verdade, o chamado amor platónico ganhou uma nova dimensão nestes tempos de relações baseadas na tecnologia. Junte-se o Bill Gates, o Steve Jobs (apelido engraçado este) e outros gurus do mundo dos computadores, veja-se a forma distorcida com que o banal cidadão vê as coisas e aí estão os cupidos das novas gerações. Aí estão os culpados da quebra do amor entre os supostamente mais desenvolvidos intelectualmente. Que os outros amam sem tecnologia e talvez vivam mais felizes.

Vivemos épocas complicadas, de pura solidão, em que pessoas capazes, com tudo para serem felizes, se afundam no mais completo desespero. E eu até poderia afundar-me mas e depois como contactar com os amigos de todo o lado, vivendo noutra dimensão? Quero aproveitar este pequeno intervalo entre cada encarnação, cada vez mais, nem que para isso só viva mais cinco minutos, que sejam intensos!

É justo que se tente. Pelo menos tentar arranjar soluções práticas que afastem o desespero, um pouco de luta é claro, muita garra e determinação, para que os sorrisos saiam naturalmente.

Baseado nessa premissa sabe-me sempre bem viajar pelos pedaços de luz que de vez em quando aterram neste poço sem qualquer tipo de luz onde me escondo das lutas fraticidas que me rodeiam e das quais não quero, na maior parte das vezes, saber. Será que as pessoas só vivem bem se entenderem que a vida dos outros tem que ser um castigo permanente e que tentar ser feliz é um crime?

São esses beijos, esses abraços com que rematamos cada mensagem que, pelo menos, nos fazem lembrar que o corpo que acompanha a alma tem a possibilidade de se manifestar, glorificar de alguma forma a sua passagem pelo Planeta Terra.

Mas, para aqueles que já nasceram iluminados, permitam que vos relembre que o vazio que se instalar em vós quando um dia chegarem a casa, é um prenúncio de morte e sendo a morte a mais certa de todas as coisas, devem, desde logo, começar a lutar pela VIDA!

É certo que a quem nunca sobreveio a escuridão, ela pareça algo estranha e até seduza inicialmente, mas depois é sempre a descer até às profundezas do Inferno. E o que se pretende é um pouco do Éden perdido, nada mais!





Acompanhante musical em dose dupla:

charlie parker - sessions I

charlie parker - sessions II

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