O Sol brilha mesmo que alguns iluminados nunca o tenham visto.
A vida por vezes, nem sempre é uma fonte de fantasia baseada nos ideais de certos humanos que teimam em limitar o conceito de normalidade, como se as regras fossem a única forma de viajar pela mente e pelo que a rodeia, com as cores e os momentos certos para apaziguar a rotina e assim olvidar o tédio que por vezes se instala.
O Sol brilha, mesmo que as nuvens o escondam e a água teime em molhar o mundo desprotegido da incúria humana.
E a violência dos atentados à vida humana serão mais acrescidos quanto maior for a nossa indiferença. Se há objectivos de felicidade dentro de cada um de nós também é verdade que para os termos, temos que nos consciencializar que o egoísmo que nos incutem é um poderoso veneno contra as gerações vindouras, que se querem mais livres, mas, sobretudo mais conscientes.
2.
Contemplo as pessoas à minha volta, os seus olhares, jeitos de movimentar o corpo. Não é, de certeza, aquilo que o meu chefe espera de mim. Mas também acredito que a pressão que me é imposta, sem a devida compensação, não é a perspectiva de tranquilidade que procuro para mim. Talvez nunca o tenha sido e daí a constante vontade de mudar.
Confesso que se torna um tédio de morte a ânsia de mudança em constante aceleração, mas ela é necessária em nome da VIDA e da falta que cada dia, em pose infeliz de rotina sem destino melhor que a morte, se escapa por entre as brechas abertas por um tempo que parece não mudar, apesar dos furacões e das tempestades que se avizinham e cada vez maiores.
Mas o mundo é assim, e muitos dirão que eu nem tenho que me queixar da vida, tal a miséria que grassa no mundo, e na falta de perspectivas de mudança que persistem e se agigantam a cada dia que passa. Diria que com o mal dos outros passo eu bem, mas não consigo viver indiferente ao que me rodeia, aos apelos que vão surgindo de pessoas tão ou mais válidas que eu e que por azares da vida não têm a mesma autonomia. É um dever que cumprirei sempre com gosto e que me permitirá viver mesmo que me sinta à beira do abismo, querendo abandonar-me nas profundezas dos infernos pessoais que vá apanhando pela vida fora.
Só que a vida vale sempre a pena!
3.
Entretanto o Sol está forte, a sensação obtida pela aragem fresca da manhã compensa o frio sentido na cara e até apetece sorrir.
Ao longe vou observando as pessoas que entram e saem do comboio, apressadas como sempre, indiferentes ao destino que se vai desenhando à sua volta, passando pelos novos ardinas que distribuem os jornais grátis à saída da Estação. No meio da praça alguns vendedores ambulantes vendem produtos contra-feitos, sempre com um olho no cliente a enganar e o outro a ver se a polícia passa por ali. Às vezes lá os vejo a fugir, para outro lugar mais recatado, abrigado dos agentes da lei e da ordem, humanos como todos, apenas com uma farda diferente.
O Sol brilha, mesmo na infinita inquietude do negrume que afecta os incautos passageiros de um ponto ínfimo no Universo chamado Terra, onde pessoas de pigmentação, credos, ambições e corpos diferentes se cruzam diariamente. Decerto da pior forma, mesmo sem terem culpa do destino que lhes está reservado, todas com o mesmo direito de viver. E o direito à vida dizem que foi criado por um ser omnipotente, infinito na bondade e na fúria estabilizadora.
Ainda sonho com a liberdade de espírito a que tenho direito antes de viajar para uma qualquer dimensão paralela. Alguém me quer acompanhar enquanto há VIDA?
05-03-2008
Manuel Marques
outras crónicas no blogue o medo do dia seguinte
Com este tópico me despeço por uma boa temporada do mundo dos blogues, do país e das pessoas fantásticas que espero poder sempre abraçar nos esporádicos regressos a Portugal.
É bom ter vida e até breve!
domingo, 27 de abril de 2008
A vida vale sempre a pena
Colocado aqui mui gentilmente por Manuel Marques à(s) 12:56
Etiquetas: Crónicas sem taxa moderadora, Manuel Marques
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