quinta-feira, 13 de março de 2008

PONTO DO INÍCIO E DO FIM

Deflagra-se um sorriso sem nome, num campo de silêncio… conjugando posturas que se desfazem, tal como os mortos intocáveis. A grande dinâmica articula o silêncio…! O sorriso absorve energias dispersas, enquanto me ausento do mundo que piso e das verdades passageiras, demasiado breves! O teu mundo é o sonho mais bonito, tomado da escultura interior. Situações de magnificência a um deslumbramento que se completa na plenitude da plenitude, continuando o tempo a ser o tempo do tempo.
Nunca mais serei a tua saudade, nem os encantos da viagem traçada, sobra apenas um ponto que se perde no cosmos, para lá das fronteiras do azul.
A bifurcação do olhar conjuga disposições, graus que se interligam enquanto me desfoco da essência de mim mesmo. Tomo-me no momento que se perde no momento do próprio momento, restando apenas o momento… o ponto inicial que se adianta sem o meu consentimento.
No exterior de mim está um pedaço do meu outro eu, disfarçado na pele mortal que se projecta a uma antecipação desconhecida, essa onde o teu silêncio adormece, desencadeando um sorriso, tão brilhante quanto os princípios ocultos.
Ficou uma réstia do meu desejo lilás no teu tom de azul, na tua vontade interrompida… apenas ficou um beijo rasgado. O desejo avança nas parcas melodias do interminável, na foz da consciência exaltada, enquanto cuscas os meus escritos, todos esses que absorvem a tua atenção. Resta apenas uma gravura da tua imagem, na colecção das outras imagens que guardo… guardamos esse princípio, na distracção das afinidades. Guardo-me e lanço-me no nada… no futuro que te espera.

Aveiro, 13 de Março de 2008 – 10:49h
Jorge Ferro Rosa, in Fronteiras

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