sábado, 2 de fevereiro de 2008

Se as minhas mãos pudessem desfolhar

Eu pronuncio teu nome

nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.




Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.


Amar-te-ei como então
alguma vez?
Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?

Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!



Garcia Lorca

1 Comment:

Joaquim Alves said...

Gosto muito.
O problema é a tradução, quase sempre traição.
Deixo, de seguida, um dos poemas
mais conhecidos do Federico,
morto na Guerra Civil de Espanha,
(1929-36), antecessora da II Mundial(1939-45).
(MALDITAS GUERRAS que nunca mais acabam: os Srs da dita não querem...)
A Lorca - poeta do amor e da revolta, é bonito oferecer-lhe a nossa recordação.
Deste-me o mote. Só o continuo.
Humildemente. No original, pois é fácil de entender.
Obrigadinho, Piedade!