Rosto do aconchego sem aconchego, por tarifários e conjugações da existência, esta forma de contornar a luz do interior, uma animosidade de entrega, como se a verdade ficasse disponível por todos os momentos sempre que o Sol brilhasse. Julguei que fosses mais total, falta clarificar a outra vertente e os reajustes equacionam posturas, algumas por vezes demasiado estranhas! Estranho-me a mim perdendo-me em avaliações intempestivas das folhas soltas da consciência.
O outro tempo guarda os fios da madrugada e nós encontramo-nos nas memórias dos círculos concêntricos enquanto o vento transporta o tufão e o jogo nos aproxima. Jogamos…! O jogo é sempre um envolvimento, eterniza a vontade de ser original mesmo que a morte um dia decida assustar, o teu olhar fica perpendicular ao meu e as pegadas são sonhos vagos… enquanto os resquícios da sensibilidade promovem um aprisionamento. Nada é complicado quando se quer, parto do princípio que queres ouvir-me e dialogar comigo! Nem sempre a disposição é a mesma. Sabes o que é a hermenêutica? Tem a ver com a arde de interpretação, com uma ementa de conceitos que se usam, cada um ligado a outro e esse outro ligado a outro, numa tela que nunca mais tem encerramento. Tomamo-nos no contexto, pela grande viagem filosófica sem fim. Somos pelo caminho que percorremos… lembras quando me falavas da psicoterapia e desse teu envolvimento com a mesma? Lembras? Recorda então! Na penumbra do olhar negro escondias todos os nomes e os sentimentos, dizias tudo sem me proferir uma única palavra. Queres recuperar o esplendor do passado? A dúvida agita a emoção… resta inaugurar o nosso acordo. Queres? Lança os escrúpulos e corrige a situação de entrega, uma vez que a solidão é fruto de uma tarefa exaustiva.
Guardo nas minhas folhas soltas da consciência, a magia da oportunidade e devolvo-te um sorriso ainda que tentes tornear as palavras do meu discurso, nesse molho de folhas guardo as tuas referências, como se me ajudassem a cavar o futuro ou a plantar uma nova imagem mais bela! Não decalques mais o que não tem sentido, faz como eu, aprende pela experiência, pelas rejeições… essas que te permitem acordar, tal como um dia acordei; vive a vida por ti, não permitas que os outros façam aquilo que só tu o terás de fazer, vive o teu tempo porque este é o meu. A memória guarda as nossas vivências e o tempo para viver é o tempo da vida. Não te demores mais com o sono, acorda da ilusão, o seu tamanho é a medida de te convenceres, as telas, são as páginas da tua consciência.
Aveiro, 14 de Janeiro de 2008 – 16:37h
Jorge Ferro Rosa, in Caderno da Alma
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
FOLHAS SOLTAS DA CONSCIÊNCIA
Colocado aqui mui gentilmente por jorgeferrorosa à(s) 18:58
Etiquetas: Jorge Ferro Rosa, prosa poética
Subscribe to:
Enviar feedback (Atom)
2 Comments:
Além de ter gostado, sinto as imagens a caminharem por dentro do texto, até à tela! E gosto desse título: Caderno da Alma. Excelente.
Joaquim Alves
Nem consigo ler o texto. o texto já se leu automaticamente na minha cabeça, e não quero perder tempo; e quero vir aqui escrever primeiro o seguinte:
Ninguém me disse que isto era um blog para escritores conceituados, para génios das letras, para esses que só com um >não sei quê que não entendo< me fazem sentir rendida, e mesmo antes de ler, já saber que vou gostar.
parabéns. (é isto que se diz, não é?)
Post a Comment