terça-feira, 22 de janeiro de 2008

20 e 21/01/08:

estou nesta janela do lado.
de lado.
para numa primeira vez que não a minha, vir onde não é habitual, onde não devia ser, dizer:
sinto aquele frio na barriga. aquela barriga nas costas. bem lá atrás. do outro lado.
de lado.
revejo dentro dos meus olhos, bem lá atrás, os teus olhos. relembro o teu sorriso infinito para dentro da minha janela. dos meus cabelos. . .
a tua pele macia.
na minha cara.
estou nesta janela do lado. porque não posso estar onde podia ser habitual. porque não posso sentir, dizer,...
tento proibir-me de sentir, mas não é fácil.
os teus lábios irrompem o meu pensamento.
mil pensamentos.
a proibição.
esta minha janela de vidros transparentes.
não posso esconder-te isto...
os meus caracóis. E as tuas mãos neles. As tuas palavras. O teu sorriso infinito e carinhosamente…. Eu já derretida…
mas não posso…. as tuas mãos, o teu corpo, os teus abraços…. Ter….
um beijo de lado.
não podes, tudo isto para mim.
. . .
sinto este frio na barriga.

**

Passa os dias a imaginar um beijo entre eles. O primeiro. A pensar em que situação; como será; o que fará; se vai mesmo acontecer…

Ele que lhe dê um beijo e pronto.

Depois disso, segue cada um a sua vida, e ela fica descansada. Pára de andar dias a fio a pensar nisso. A desejá-lo. Sendo que não devia desejá-lo. A ter impulsos. Sendo que não devia ter impulsos.

Que raiva!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E pergunta-se porquê. Porquê? Estava tudo tão bem, tão normal, na vida dela. Não se passava nada. Ninguém lhe acendia o fogo. Ninguém a despertava. E agora, assim de repente: ISTO????

Quando não há possibilidade remota de nada. De mais nada que um fogo a queimá-la lá dentro….?

Quando tem que gerir um cambalacho de emoções na cabeça, no corpo e no coração…?

Que raiva!

**

Acho que foi aquele momento em que disseste ‘’Tim Boot’’.

Assim, do nada. Depois de dias a fio, eu a tentar lembrar-me do nome dele.

Tu. Ali. Naquele segundo a saltares com aquilo para o lado de cá.

Eu. Ali. A sentir-me surpreendida.

Eu!

Eu, que acho sempre que nunca me surpreendem!

Tu. Ali. A surpreenderes-me!

Sim, agora que olho uns fios para trás, acho que foi esse o momento.

O momento da diferença. Da não indiferença.

O momento em que comecei a sentir algo mais do que devia. Do que de devo.

estou nesta janela do lado.
de lado.
para numa primeira vez que não a minha, vir onde não é habitual, onde não devia ser, dizer:
sinto aquele frio na barriga.

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