terça-feira, 6 de novembro de 2007

Guerra Peninsular 200 Anos



Hoje, por voltas das dezoito horas, fui praticamente obrigado a estar na inauguração da exposição GUERRA PENINSULAR, 200 Anos, na Biblioteca Nacional. Entre grãs-finas, velhos caducos, embaixadores, professores e agentes partidários, estava eu. Provavelmente, era o único que não vestia gravata, blazer, e calças de vinco. Mas as coisas são assim. Ao meu lado, com uma cara meio ensonada, estava o embrutecido Carlos Miguel, presidente do meu querido Concelho de Torres Vedras. Ao lado do senhor presidente, permanecia, julgo, uma espécie de espião que trocava segredinhos com o político. O espião vestia capa à Mandrake e, pelo que pude observar, passou uma hora a tirar fotografias com o telemóvel aos objectos em exposição. Muito subtil. A mim não enganou. Ouvia aquele clique a metros de distância.

A coisa foi em grande. Havia vinho branco e vinho do Porto à disposição do freguês. Amendoins e passas também. Comi como se fosse um leão rugidor. O sabre do General Gomes Freire de Andrade observava-me com acidez. Três vezes os meus lábios tocaram num belo copo etilizado. Ainda me senti tentado a namoriscar uma garrafa de whisky que lá estava, mas o embaixador brasileiro passou-me sempre a perna. Sempre que a minha mão se preparava para tocar na garrafa, o brasileiro antecipava-se. «Glu-glu-glu». Imaginava, sofrendo como poucos, o som do líquido a escorrer pelas fauces do homem.

O tempo passou. Os discursos esgotaram-se. Restava-me ver a exposição. Foi o que fiz. Vi tudo. Desde os livros de Domingos Bomtempo aos uniformes soldadescos, vi tudo. E ouvi. Ouvi alguém a tentar derrubar a imagem de Wellington com um ranger de dentes. Ouvi um suspiro de uma senhora que olhava para Soult. Depois, quando já me preparava para ir embora, olhei para a garrafa de Whisky e para o embaixador, e disse adeus. Lá vai o descamisado, o pobretão.

Pulicado também aqui.

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