quinta-feira, 22 de maio de 2014
Arte nas entrelinhas...
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terça-feira, 6 de maio de 2014
A propósito, da última fornada de bananas racista, deixo um texto de minha autoria:
Branco no Preto
Eu sou racista.
Sou racista.
Sou
racista porque gosto da raça de gente que tem cor, que tem cheiro, que
tem alma, vida e fogo. Da raça de gente em que o sorriso, mais do que
dos lábios, sai dos olhos; sai do olhar.
De toda a raça de gente que
tenha música no corpo. Que trabalhe, dê, receba, partilhe. Que possa
circular onde quiser. Que respeite, que seja respeitada.
Raça de gente com carácter e características, com defeitos, arrelias, cultura, identidade, hábitos e tradições.
Valores.
Tudo se resume a valores.
A sermos bons, mais do que humanos.
Vivam
as cores, os tamanhos e as formas. Viva o dia, em que vieram partes
minúsculas dos seres, dizer-nos em letra grande, que afinal, pretos,
brancos, amarelos, vermelhos, ou torrados do sol, somos todos feitos do
mesmo material: água, muita água, alguns ossos, músculos e mais ou menos
carisma.
Eu branquela, adoraria ter um filho cor de chocolate. Um doce! Só porque sim.
Eu branquela, sou racista.
Sou banto, banguela, congo e mina, negro da terra, índio, mulato, caboclo, cafuz e cabra.
Sou muito cabra.
Sou mestiço.
Um Bonifácio, Gilberto, Arthur, Nabuco, Sílvio, Aroldo, François, Georges, James ou Charles.
Um Aborígene na Tribo, um gato-pardo ou um burro da cor-quando-foge.
Eu, branquela, tenho cor de pele, uma cor que vai muito além da minha moral e inteligência.
Não
sou superior a uma formiga ou inferior a um elefante. Sou do mesmo
material das estrelas, grão de cereal armazenado no verão.
E no inverno; no inverno, solto a música do meu corpo e danço. Oh se danço.
Misturo-me.
Toco a tua cor, a tua pele, o teu nariz, o teu cabelo, em suma, a tua origem.
E
de que vale poder tocar num corpo negro, índio, branco, mulato,
caboclo, cafuz ou cabra, amarelo, vermelho ou torrado do sol, se não
tocar no mais profundo dessa raça de gente que és? Que sou?
Viva a diferença. Que nos une, nos enriquece e nos torna mais gente.
Sou racista porque gosto da raça de gente que pinta com lápis, de cor.
Colocado aqui mui gentilmente por Carla Veríssimo à(s) 11:18 1 opiniões