domingo, 18 de outubro de 2009

Convite


Venho convidar-vos para o lançamento do livro de poesia "As palavras são de agua".do Eduardo Aleixo http://ealeixo.blogspot.com

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Crónica escrita num quarto onde se tentou fazer amor

Por favor não me deixes assim!
O que se passou entre nós?
Porque não deste um toque?
Eu aqui a estudar, sempre na expectativa de um toque, uma mensagem, uma chamada.
O que te aconteceu?
Ainda ontem aqui viste depois de jantar.
Ainda ontem na minha cama, lembras-te?
- Ritinha.
Ainda ontem, coiso e tal, eu embrulhada no cobertor, tu a meteres a mão na minha coxa.
Eu a beijar-te. A chegar-me a ti.
Tu sentado. Tu tal e o coiso.
Eu em cima de ti. Eu atrapalhada no cinto.
Eu a tirar-te as calças.
- Assim não dá.
Eu a perceber que para te tirar as calças, tinha primeiro de te tirar as sapatilhas.
Tu a olhares para mim. Eu atrapalhada nos atacadores.
Da janela via-se a Lapa. A Lapa, o quartel, e pouco mais.
Mais uns tempos, acabo a escola e mudo-me daqui.
Eu a pensar que podias vir-te comigo.
E nisto tu a chamares-me Ritinha.
- Não sei o que se passa, Ritinha.
Isto nunca me aconteceu.
Tu sem ímpeto. Tu murcho…
Eu a ajudar-te. A dar o meu melhor para que aquilo ganhasse vida própria.
E ganhava. E fazíamos mais uma investida.
Mas de repente, tu outra vez:
- Não pode ser. A sério, Ritinha. Não sei o que se passa.
Já houve noites em que fumei, bebi e correu tudo lindamente.
Eu a beijar-te. A dizer-te Não te preocupes. Paramos um pouco. Dormimos, e quando acordarmos voltamos a tentar.
- Não contas isto a ninguém! Que vergonha. Eu só com 23 aninhos.
Claro que não conto a ninguém.
Claro que dormimos, e claro que quando acordámos não voltámos a tentar. Saíste para a rua. Entraste no carro e deste à chave.
Eu a olhar-te da janela. O carro trrrrr, trrrrr, trrrr... a não querer pegar.
Eu a rir. Claro que não era por maldade. Mas nada teu pegava.
Desci a ver se precisavas de ajuda.
Eu ali, a dar, novamente, o meu melhor para que aquilo ganhasse vida própria.
E ganhou. E fizeste mais uma investida. Desta vez no acelerador. E foste-te.
Mas podes vir-te hoje à noite.
Tentamos no carro. À janela. Eu ponho uns cremes. Uma música. Começo pelas sapatilhas. Não me atrapalho nos atacadores. E vais ver como vai ser coiso e tal, na tua vida própria.